segunda-feira, 24 de maio de 2010

A sociologia de Weber.

De acordo com a perspectiva funcionalista de Durkheim, um fenômeno social só serve se funcionar para a integração e a manutenção de uma sociedade.
Na Alemanha, talvez por sua tardia revolução industrial, a diversidade era aceita como elemento importante para se estudar sociologia. Wilhelm Dilthey (1833-1911), filósofo e historiador alemão, enfatizava a diferença entre entender e compreender. Entender é estabelecer uma única razão sobre determinado fenômeno, como ocorre na Física. Compreender é ter empatia ou experimentar tal evento, pois cada ação humana é particular, possui o seu significado característico.
Os cientistas sociais alemães tinham claro que era necessário compreender as ações sociais. O mais importante deles foi Max Weber.
Nascido em 21 de abril de 1864, na cidade de Erfurt, Alemanha, Max Weber foi o primogênito de oito filhos. Teve uma forte criação protestante por parte de sua mãe. O pai foi jurista e político. Mudou-se para Berlim, com a família, em 1869. Entrou na Faculdade de Direito de Heidelberg em 1882, mas, no ano de 1883, interrompeu os estudos para prestar um ano de serviço militar em Estrasburgo, retomando a atividade estudantil no ano seguinte. Formou-se em 1888. Em 1891, escreveu sua tese História das Instituições Agrárias. Por motivos de saúde, licenciou-se do magistério em Heidelberg, de 1898 a 1899. Viajou para os Estados Unidos no ano de 1905, experiência que marcaria sua formação intelectual. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ocupou o posto de capitão do exército alemão, encarregado de administrar nove hospitais. Mudou-se para Viena em 1918 e, no ano posterior, foi um dos redatores da Constituição da República de Weimar e assessor da delegação alemã, durante as negociações de paz em Versalhes. Weber faleceu em 1920. Dentre seus livros, destacam-se: A ética protestante e o espírito do capitalismo, Economia e sociedade e Ciência e política: duas vocações.
Max Weber acreditava que o conhecimento vinha da experiência, mas era inevitavelmente fragmentado e só poderia abordar um dos aspectos daquilo que chamamos de realidade. Assim, Weber raciocinava que as ciências humanas, no caso específico a sociologia, não poderiam ser estudadas ou ser comprovadas como a física, a química ou mesmo a matemática. Essas ciências conseguem demonstrar uma relação de causa e efeito, quando estudam os seus respectivos objetos de estudo. O verbo mais correto para o ofício do sociólogo não é entender, ou estabelecer uma relação de causa e efeito, e sim compreender.
A análise da realidade social de Weber pressupõe, além de uma visão histórica, a utilização do conceito de ação social: este é o objeto de estudo da sociologia weberiana. Toda ação social:
* consiste na conduta humana dotada de sentido, de uma justificativa elaborada de forma subjetiva;
* é um comportamento consentido e planejado, por tanto; é uma ação intencional;
* em o seu sentido relacionado com os outros, ou seja, nela os seres humanos ajustam-se de situação para situação; trata-se de atuar tendo os outros em mente;
* ocorre quando todos se comportam de acordo com o que se faça, como, por exemplo, usar roupas adequadas a cada situação social.
Sendo assim, a ação social para Weber é a conduta humana, pública ou não. Essa conduta, por sua vez, pode ser dividida da seguinte maneira:
* ação tradicional – aquela que existe e não é contestada, como o poder de um pai sobre o filho, por exemplo;
* ação afetiva (ou emocional) – trata-se de todas aquelas que sejam motivadas pela emoção, e não pela razão;
* ação racional – pensar, planejar, antecipadamente, o comportamento de acordo com os outros. Ela pode ocorrer com relação a valores ou com relação a fins. Para Weber, na sociedade capitalista moderna o que predomina é o racional com relação a fins. Essa mentalidade cria um tipo de autoridade e dominação na sociedade: a dominação racional legal, que tem como meta o planejamento voltado para os objetivos.
Ao contrário de Durkheim, cuja idea era de que a sociedade submete os indivíduos, Weber não via contradição entre indivíduos e sociedade, pois somente o sentido ou significado de um fato social poderia ser conhecido ou compreendido. Uma pessoa entrega um papel para outra e isso é um fato social, mas o papel pode ser desde um bilhete até uma nota promissória. É o seu significado que irá estabelecer uma relação social, que é quando uma ação de um indivíduo é correspondida por outro.
Assim, para o pai da Sociologia Compreensiva, a realidade social não é única e também não é possível de se estabelecer uma sociologia que contenha as leis gerais da sociedade humana, como era o caso de Durkheim e dos positivistas em geral.
Devemos ter uma perspectiva histórica das sociedades a serem analisadas.
Isso significa que cada sociedade é particular, mesmo que haja afinidades, como a economia de mercado, no caso das sociedades capitalistas, e, para compreender essas sociedades, devemos compreender aquilo que é valioso para seus integrantes, sua cultura. E, mesmo assim, o sociólogo sempre deve se preocupar em aprimorar seu objeto de estudo, pois a objetividade plena nas ciências sociais é impossível.